quinta-feira

A escolha das Sete Maravilhas dos monumentos de Elvas é uma iniciativa do cidad’elvas que visa eleger os sete monumentos mais relevantes do rico património monumental Elvense.

A escolha dos 20 monumentos dados a votação foi feita com base na importância e imponência dos vários monumentos da nossa querida cidade. Uma escolha que embora possa ser discutível, pensamos estarem presentes os principais e mais importantes monumentos da Cidade de Elvas.

Com esta iniciativa pretendemos realçar e avivar na memória de todos para o rico e vasto património de Elvas assim como a marcante presença na história do nosso País.

Esperamos que esta iniciativa seja do agrado de todos e sirva para enaltecer e engrandecer o legado histórico e monumental que nos foi deixado pelos nossos antepassados

Seleccione aqui ao lado os 7 monumentos que julga serem as maravilhas do nosso património.

Para aceder directamente à descrição e fotografia do monumento basta clicar no respectivo nome.

CAPELA N. Sr.ª CONCEIÇÃO.

MURALHAS SEISCENTISTAS DE ELVAS.


Importante construção abaluartada do séc. XVII, obra-prima da arquitectura militar. Tem forma de um polígono irregular com 12 frentes, 7 baluartes e 4 meios-baluartes. Do sistema defensivo da praça de Elvas, fazem parte os fortes de Stª Luzia e da Graça e os fortins de São Pedro, de São Mamede e São Francisco, Elvas

As Muralhas de Elvas que de uma forma geral se encontram em bom ou razoável estado de conservação, representavam a primeira defesa do território português perante a ameaça castelhana.

sexta-feira

CAPELA N. Sr.ª CONCEIÇÃO.


Construida sobre a muralha seiscentista, junto à Porta da Esquina, é uma obra do sec. XVII, reconstruida posteriormente. A capela tem acesso por uma escada de mármore com silhares e guarnição de azulejos polícromos do sec. XVIII.
O templo, de reduzidas dimensões, tem a forma semi esférica, e à direita um corpo apainelado com torre sineira de dois olhais decorada com escudo, coroa e as iniciais N.S.D.C.. Na fachada do corpo anexo encontramos, em azulejos, as armas reais e a data de 1867. O interior tem cobertura azulejar do tipo avulso, de florões e com as armas portuguesas. A capela é fechado por portão de ferro forjado e o seu interior foi remodelado na 1º metade do sec. XX.
Lugar de romaria a 8 de Dezembro, festa da Imaculada Conceição, esta capela tem confraria própria, responsável pela sua manutenção. Nas proximidades existe um miradouro, local ideal para observar o Aqueduto da Amoreira desde a cidade e de uma perspectiva superior.

quarta-feira

IGREJA DE SÃO DOMINGOS.


O Convento de São Domingos de Elvas foi fundado em 1267, por ordem de D. Afonso III, no local onde havia estado implantada até então a Ermida de Nossa Senhora dos Mártires. Edificado depois da segunda, e definitiva, reconquista da povoação fronteiriça alentejana, a acção régia de constituir uma comunidade dominicana prendia-se com uma vontade de alicerçar a fé cristã numa urbe que até então tinha sido regida por costumes e tradições muçulmanas. Depois da edificação do espaço conventual, a comunidade dominicana fundou no edifício uma albergaria e um hospício.

Do templo gótico mendicante pouco resta, datando do século XV as primeiras modificações da estrutura, com a construção da antiga ante-sacristia. A grande reforma estrutural do convento data do reinado de D. João III, que em 1553 ordenou profundas reformas no edifício, nomeadamente a demolição da fachada, embora esta só fosse terminada já no século XVII. Em meados de Seiscentos o hospício do convento foi deitado por terra, para que pudessem ser construídas as muralhas de defesa da vila. O programa decorativo do espaço interior foi alterado pela campanha barroca executada no século XVIII, nomeadamente com a edificação de novos altares, a decoração das paredes laterais do templo com silhares de azulejos ou a execução de novos capitéis para os pilares que marcam os tramos das naves.



De planta longitudinal, a Igreja de São Domingos é composta por três naves, transepto, capela-mor, ábside poligonal e quatro absidíolos, aos quais foram adossados a torre sineira, a sacristia e outras dependências. A fachada apresenta um modelo ecléctico, uma vez que possui uma estrutura claramente maneirista, que apresenta semelhanças com os colégios jesuítas edificados na segunda metade do século XVI, decorada com um programa já de gosto barroco, decorrente do facto de a fábrica de obras do frontispício se ter prolongado até meados da centúria de Seiscentos.

Do programa decorativo interior, destacam-se os retábulos barrocos de mármore, colocados lateralmente, os painéis de azulejos setecentistas com quadros da vida de São Domingos, e as pinturas renascentistas de motivos vegetalistas que decoram a cobertura da ábside. Há ainda a referir o antigo retábulo da capela-mor, uma composição maneirista da autoria de Simão Rodrigues, de "evidentes influências moralescas", executada cerca de 1595, que actualmente se encontram algumas peças na Igreja de S. Francisco no Cemitério local.

FONTE DE SÃO LOURENÇO.


A fonte de São Lourenço foi mandada construir na segunda metade do séc. XVIII pelo desembargador Bernardo Xavier de Barbosa Sachetti ao engenheiro militar francês Valleré que na altura trabalhava nas obras do Forte de N. Sra. da Graça, no local onde já existia uma outra Fonte de São Lourenço, esta seiscentista (1626) e que foi deslocada para a Quinta de Sto. António nos arredores da cidade.
O seu projecto de construção era grandioso e caro tal como queria Sachetti, e Valleré influenciado pela "art classique" francesa ali começa a construir uma fonte sobre a qual se deveriam colocar três estátuas de figuras femininas da mitologia greco-romana, cujo valor ascenderia a 2:000$000 reis. Mas tal facto não veio a acontecer. O projecto suscitou polémica e um grave desentendimento entre Valleré e Sachetti o que levou a que a fonte nunca fosse terminada. As estátuas que serviriam a fonte quedaram-se na referida Quinta de Sto. António.
A fonte de São Lourenço é constituída por três chafarizes que fazem a água correr para um tanque rectangular, tudo encimado por quatro colunas entrecortadas por paralelepípedos que no seu cimo 4 estátuas. Ao centro um pedestal circular que serviria para levar a quinta estátua está neste momento ocupado por uma espécie de vaso.

CONVENTO DE SÃO FRANCISCO.


Em 1518 dá-se a primeira fundação, com a construção do primeiro convento num vale, próximo das muralhas de Elvas, graças a uma doação de terrenos feita por Genebra da Rosa e por Manoel Paçanha, fidalgo de Elvas devido à insalubridade do local a congregação passa em 1591 para o cimo da colina, junto ao Aqueduto da Amoreira. D. Fernando da Silva e sua esposa D. Beatriz de Brito, doadores de maior parte dos terrenos da edificação, são os padroeiros deste segundo edifício.

Devido à sua posição no alto da colina este trensforma-se em fortim das tropas espanholas em 1658 / 1659 aquando do cerco que viria a terminar com a Batalha das Linhas de Elvas. Para em 1691 ser recuperado e de novo acolher os Franciscanos. Contudo com as invasões francesas, volta a ficar bastante danificado pela artilharia da praça. Finalmente a 9 de Junho de 1834 é desocupado pela expropriação dos bens das ordens religiosas, passando a 13 de Maio de 1842 a servir de campo santo, instalando-se aí o cemitério: "A 13 Maio 1842 veio à camara a adm. militar para que dissesse se recebia ou não a igreja, tapada e jardim do exº convento para a formação do cemitério, como lhe foi concedido. Resposta que sim".

Desde essa data até aos dias presentes continuo com essa ocupação e caindo em continuo abandono até que em 2005 sofre importante obras de beneficiação para aí se instalar o Arquivo Histórico Municipal

IGREJA N. Srª. DAS DORES.


Foi reedificada no último quartel do sec. XVIII, no local onde existia a Capela de Santa Maria Madalena. A fachada apresenta portal de verga curva encimado por janelão com frontão simples guarnecido com decorações em alvenaria ao gosto oitocentista. Tem duas torres sineiras abertas, com dois coruchéus cada uma e remates recortados com galos em ferro forjado. Completam a frontaria dos silhares de azulejos oitocentistas de albarradas laterais à porta.

O interior está profundamente decorado por trabalhos em alvenaria, alternando os motivos religiosos e profanos. A capela mor e os 4 altares laterais estão pintados com imitações de mármore. Todos estes trabalhos pertencem ao artista elvense Luis José Franco, o "Santinho".

Saía deste templo a popular Procissão da Mulinha até à sua extinção no final do século XX, continuando a ser este também o ponto de partida para a Procissão dos Pendões a 20 de Setembro dando inicio à Romaria do Senhor Jesus da Piedade.

IGREJA N. Srª. NAZARÉ.


Planta centralizante, composta por nave de planta circular, capela-mor e sacristia rectangulares e sala de arrumos. Volumes articulados, massas dispostas na horizontal com cobertura em cúpula e terraço e em telhado de uma água sobre o corpo lateral. Fachada principal a SE. com três panos divididos por pilastras lisas que partem do embasamento pintado de amarelo e terminam no remate; pano central com portal, fechado por grade de ferro, em arco de volta perfeita de mármore aparelhado decorado por colunelo que se prolonga em arquivolta, moldura pintada de amarelo e rematada por cornija; óculo oval sobre o portal enquadrado por moldura contracurvada encimada por volutas e motivos vegetalistas; remate com arquitrave, friso e cornija; platibanda encobrindo a cobertura com sineira ao centro, sobreelevada e com cruz no topo, duas pilastras lisas de cada lado encimadas por vasos. Pano da esquerda liso rematado por arquitrave, friso e cornija, pano da direita com porta em arco de volta perfeita com aparelho de mármore decorado por colunelo que continua em arquivolta. Fachada lateral NE. com corpo quadrangular adossado sobre o corpo circular central com embasamento, cunhais e remate pintados de amarelo e dois registos divididos por friso, o térreo liso, o superior com duas janelas. Fachada lateral SO. ondulada, com embasamento pintado de amarelo e três panos divididos pela articulação dos volumes: pano da esquerda, liso; pano central com uma janelas gradeado e pano da direita, liso; remate com cornija e platibanda. Fachada NO. com cunhal direito e embasamento pintados de amarelo e postigo com moldura pétrea; remate com cornija e platibanda.


INTERIOR: nave de planta circular coberta por cúpula decorada por quatro molduras de gesso; pavimento em xadrez com mármore preto e branco; porta de entrada em arco de volta perfeita sobrepujada por óculo oval de iluminação; parede rematada por sanca à altura do arranque da cobertura; banco corrido e silhar forrados de alcatifa azul; de cada lado pia de água benta em mármore, decorada com motivos concheados; do lado da Epístola porta em arco de volta perfeita de mármore entaipado pelo mesmo material. Arco triunfal de volta perfeita em alvenaria com fecho decorado a dourado assente sobre pilastras lisas com capitéis decorados com folhas de acanto douradas. Capela-mor rectangular coberta por abóbada de berço decorada com moldura branca sobre fundo castanho e medalhão com símbolos da Paixão de Cristo. Parede da Epístola com silhar forrado de alcatifa azul, porta para sacristia, varandim com balaustrada de madeira e sanca à altura do arranque da cobertura. Parede do Evangelho semelhante à do lado oposto mas com janelão rematado por cornija; pavimento de alcatifa azul. Retábulo-mor de alvenaria enquadrado por pilastras oblíquas marmoreadas; grande camarim, definido por moldura verde decorada com ramagens douradas, ocupado por cruz de madeira de grandes dimensões e pequeno Cristo. Sacristia de planta rectangular coberta por abóbada de arestas, que terminam em esferas nos cantos, assente sobre sanca saliente envolvente; pavimento de cimento. Parede SE. com porta para a rua, lavabo de mármore encaixado na parede, rematado por duas volutas e uma cruz de alvenaria; óculo oval de iluminação junto à cobertura; parede NE. cega; parede NO. com porta para sala de arrumos, parede SO. com porta para a capela-mor;. Sala de arrumos de planta rectangular coberta por abóbada de berço e pavimento de madeira; na parede SE. porta para sacristia e armário de parede; parede NE. cega; parede NO. com janela para a rua; parede SE. porta para o varandim, vão de acesso à cobertura e às escadas que conduzem ao piso superior da sala: este tem cobertura plana com arco de volta perfeita a meio.

SÉ DE ELVAS.


A Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Elvas (antiga Sé) é um dos monumentos mais emblemáticos desta cidade alentejana, com um passado histórico bastante diversificado.

O edifício da antiga Sé de Elvas foi classificado de Monumento Nacional por decreto de 16 de Junho de 1910.

Embora não existam referências documentais que o comprovem, pensa-se que a Igreja de Nossa Senhora de Assunção tenha sido erigida em 1517. As Memórias Paroquiais dão conta que em 1515 o rei D. Manuel, verificando o estado de ruína em que o templo se encontrava, terá ordenado a sua reconstrução. A nova igreja viria a abrir ao culto em 1537, ainda com obras em curso. Por esta data a capela-mor estaria já concluída, permitindo assim que se realizassem os ofícios litúrgicos.

Através da consulta das visitações realizadas a esta igreja, Artur Goulart refere que em 1541 o visitador ordenara que se procedesse ao lajeamento do edifício, uma vez que o pó e a lama afastavam os fregueses. Esta obra prolongou-se até 1548, quando também se concluiu a sacristia.

Elvas foi elevada a cidade no ano de 1513, tendo o Bispado sido criado em 1570, quando a Igreja de Nossa Senhora da Assunção foi convertida em Sé (tendo assim permanecido até 1881, quando esta diocese foi extinta) o que, de acordo com a opinião de alguns historiadores, se terá também ficado a dever às características arquitectónicas do próprio edifício.

Parece, no entanto, bastante seguro que no mesmo local tenha existido outro templo mais antigo com a evocação de Nossa Senhora do Açougue e, posteriormente, de Nossa Senhora da Praça.

O edifício da Sé ergue-se no topo de uma ampla praça destacando-se do tecido urbano, onde a partir de 1538 também se começou a construir o edifício da Câmara Municipal.

Esta igreja sofreu modificações e ampliações diversas após a conversão em Sé, sendo de assinalar a substituição da capela-mor por outra de maiores dimensões. José Custódio Vieira da Silva refere que esta obra, bem como a reforma do coro e a construção da sacristia e da casa do Cabido, se ficou a dever à acção do bispo D. António Matos de Noronha, já em finais do século XVI.

A fachada da Igreja de Nossa Senhora da Assunção define-se sobretudo pela sua torre sineira axial, emprestando ao monumento um certo ar de fortaleza. Ao nível do primeiro registo encontra-se um amplo nártex. Na pedra de fecho do amplo arco de volta perfeita que antecede este recinto encontra-se uma inscrição em caracteres góticos.

Segue-se um segundo patamar composto por uma varanda e por dois janelões, obra datada de 1637 e que serviria para os cónegos assistirem a cerimónias litúrgicas que se desenrolariam na praça. Os janelões com frontões interrompidos ladeiam uma rosácea, apresentando a toda a volta uma decoração composta por grandes florões em pedra, hoje bastante degradados.

No último nível registam-se os sinos, num total de sete, acomodados entre arcos de volta perfeita. Artur Goulart refere que em alguns ainda é possível ver-se a respectiva datação: o mais antigo data de 1548, outro da data de inauguração da capela-mor (1749) e outros dois são datados de 1769.

Sobre os sinos encontra-se a cúpula piramidal que, de acordo com a opinião de Luís Keil, será já posterior ao século XVI, bem como os coruchéus. Ladeando a torre encontra-se, à esquerda, o baptistério e, do lado direito, a capela de Santo Amaro, de planta poligonal e coruchéus onde ainda podemos apreciar vestígios de uma decoração em esgrafitos de inspiração renascentista.

Ao nível exterior todo o templo apresenta superiormente uma decoração de ameias chanfradas, reforçando, assim, o carácter de fortificação que o edifício apresenta.

O monumento sofreu transformações diversas ao longo do tempo, nomeadamente no século XVII, durante os episcopados de D. António (1630), D. Sebastião de Noronha (1630) e D. Manuel da Cunha (1657). Já no século XVIII destacam-se intervenções várias realizadas entre 1729-1783, com destaque para as realizadas pelo cabido “sede vacante” e pelos bispos D. Baltazar Vilas-Boas e D. Lourenço de Lencastre.

O ano de 1609 viu iniciarem-se os alicerces de uma nova sacristia e da sala do cabido, enquanto ao mesmo tempo se realizavam obras na capela do Santíssimo Sacramento. As obras prosseguiram após a morte do bispo, no ano seguinte, e durante o episcopado dos dois bispos que lhe sucederam: D. Rui Pires da Veiga e D. Frei Lourenço de Távora.

Porém, seria já com D. Sebastião de Matos de Noronha que as campanhas de decoração da Sé ganhariam novo fôlego, destacando-se no plano eclesisático por medidas importantes, como a convocação do sínodo de 1633 e a publicação das Constituições diocesanas. Datam do seu governo os azulejos que revestem os silhares da igreja e sacristia (1627) e o programa de brutescos que decora as abóbadas da nave central e das laterais.

No que diz respeito à Igreja de Nossa Senhora da Assunção o seu interior tipicamente medieval, com o escalonamento das três naves, foi sendo alterado por sucessivas campanhas decorativas. Uma das que causou maior impacto terá sido o revestimento das abóbadas com pintura de brutesco, já no século XVII, apresentando tons monocromáticos (dourados) contra um fundo branco, com grande impacto visual. Hoje os brutescos estão totalmente picados devido à aplicação posterior de outro reboco.

Predomina a temática vegetalista, embora se encontrem pequenos anjos, máscaras, ramos terminando em mascarões, querubins, ferroneries, figuras humanas e figuras femininas híbridas, meio humanas e meio vegetalistas.

SANTUÁRIO DA PIEDADE.


A devoção ao Senhor Jesus da Piedade nasceu num dia de verão de 1736, quando o Padre Manuel Antunes, pároco em Elvas, transitava na zona do Sitio da Saúde, onde anos antes morrera o lavrador da Torre das Arcas, tendo por isso ali sido instalado um cruzeiro. Nestas proximidades o padre caí duas vezes consecutivas da sua montada, e tendo ficado algo abalado recorreu à dita cruz para fazer as suas preces, tendo prometido que ali rezaria uma missa votiva fazendo pintar a imagem de Cristo na cruz se não mais caisse da sua mula. Assim aconteceu e no dia 6 de Janeiro de 1737 é ali recolocada a cruz agora com a imagem de Cristo pintada e celebrada a missa com grande assistência de população, começando aí as romagens ao local e invocando a cruz como o Senhor Jesus da Piedade. Tal foi a popularidade que a 16 de Fevereiro do mesmo ano se começou a construção de uma ermida que em pouco tempo se mostrou pequena, levando a que em 1753 se construí-se novo templo, o actual, envolvendo a antiga ermida onde se continua a venerar a Cruz original.
Este Santuário é uma construção barroca neoclássica onde no exterior ressaltam as duas torres laterais em ângulo entre outros aspectos que fazem desta construção um dos mais significativos exemplos das experiências barrocas do reinado de D. João V.
O adro que lhe fica fronteiro, com a sua escadaria, corrobora esta ideia, uma vez que estes terreiros, de alguma amplitude, tinham como principal função receber os crentes, substituindo assim os longos escadórios dos santuários do Norte do país. Nos muros, o revestimento azulejar polícromo data já da segunda metade do final do século XVIII.
A igreja desenvolve-se em planta longitudinal, de nave única. A fachada é marcada por torres, coroadas por cúpulas bolbosas, implantadas obliquamente em relação ao alçado, formando um losango, o que constitui uma solução quase única no nosso país . Estas, formando com o corpo central uma espécie de contracurva ou harmónio, têm o poder de conferir à fachada uma forte unidade.
No interior, a nave é revestida por mármores de diferentes tonalidades. Tem dois altares laterais, de mármores policromos, com telas pintadas por Cyrillo Wolkmar Machado, representando Nossa Senhora da Graça e o Arrependimento de S. Pedro. Dois púlpitos também de mármore, exibem motivos dourados, e o coro assenta em arco abatido. A ligação entre o corpo da nave a capela-mor é feita através de um corpo com os cantos cortados, que forma um octógono, numa solução também original. Na capela-mor, o retábulo foi executado no mesmo material que os restantes altares, encontrando-se, no pavimento, uma lápide sepulcral onde se refere que Roperto Manoel Marques e Vas.os, cavaleiro de sua majestade e padroeiro da igreja, mandou fazer da capela-mor jazigo para si e seus descendentes, no ano de 1779.
Segundo os últimos estudos esta igreja deve-se ao traço de José Francisco de Abreu.
Nas suas proximidade, e para assistência aos peregrinos, foi construído um grande chafariz (1864) com três grandes paineis azulejares figurativos separados por pilatras, sendo mais tarde o construído o restante Parque.

terça-feira

FORTE DE SANTA LUZIA.


O Forte de Santa Luzia ergue-se numa elevação, em redor de Capela de Santa Luzia, revelando-se uma obra de arquitetura militar seiscentista que alia à eficácia defensiva uma indesmentível qualidade estética.
O seu projeto esteve envolto em grande polémica e conheceu vários arquitetos, debatendo-se entre si diferentes conceitos de arquitetura militar italiana e francesa. Com efeito, o primeiro plano foi realizado em 1641 pelo português Matias de Albuquerque, redesenhado ainda nesse ano por Sebastião Frias, este último propondo uma planta em estrela.
Contudo, em 1642, o genovês Hieronimo Rosetti delineou um novo projeto que suscitou as maiores dúvidas ao francês Lassart. A polémica terminou com a arbitragem do arquiteto flamengo Cosmander, conseguindo este realizar aquela que é considerada como a mais importante fortaleza do século XVII do território nacional.
O perímetro defensivo de Santa Luzia define um quadrado composto por quatro baluartes, respetivamente de Santo António, Santa Isabel, S. Pedro e N. Sra. da Conceição. Em redor das cortinas pétreas, protegidas com canhoneiras e guaritas angulares, dispõem-se três fossos defensivos que são reforçados, a este e a sul, por dois revelins. O polígono fortificado tinha entre 20 e 25 canhões.
Transposta a imponente e aparatosa entrada coberta, a cidadela é delimitada por uma cortina de pedra reforçada por diversas guaritas, protegendo a Capela de Santa Luzia e a casa do governador militar, casamatas e duas grandes cisternas - dispositivos reforçados que podiam alimentar e matar a sede, durante cerca de dois ou três meses, a uma guarnição composta de 300 ou 400 homens.

AQUEDUTO DA AMOREIRA.


O Aqueduto da Amoreira liga o local da Amoreira à cidade de Elvas. Tem 843 arcos
com mais de cinco arcadas e torres de 31 m de altura. É considerado o maior aqueduto da Península Ibérica com 8,5Km de extensão.
Desde a época de ocupação árabe a povoação de Elvas era abastecida pelo Poço de Alcalá, situado perto do antigo Paço Episcopal. No entanto, a partir do século XV, devido ao aumento da população, o poço tornou-se insuficiente para abastecer de água a cidade.
Logo no início do reinado de D. Manuel I, o monarca autorizou o lançamento de um imposto, o Real de Água, para serem executadas obras de conservação do poço medieval. Estas obras não resolveram os problemas de abastecimento existentes, pelo que a edilidade local pensou em construir umaqueduto que trouxesse a água desde os arrabaldes, no local da Amoreira, até ao centro da cidade.
Em 1537 D. João III designou o arquitecto Francisco de Arruda, mestre das obras do Alentejo e autor do Aqueduto da Água de Prata de Évora, para executar o projecto do novo aqueduto de Elvas. As obras iniciaram-se no mesmo ano, prosseguindo até 1542, data em que a extensão do canal chegava ao Convento de São Francisco. Seguiu-se então a execução da parte mais complexa do projecto, uma vez que depois dos seis quilómetros iniciais já edificados, os arcos do aqueduto iriam aumentar de dimensão. A obra tornava-se cada vez mais onerosa, embora os impostos cobrados aos habitantes da cidade destinados à edificação do aqueduto fossem sendo aumentados ao longo dos anos.
Em 1547 as obras eram suspensas devido à falta de verbas, sendo retomadas somente em 1571. Esta segunda campanha de obras, que terá sido orientada pelo engenheiro Afonso Álvares, prosseguiu até 1580, quando a subida ao trono de Filipe I originou uma nova interrupção dos trabalhos.
As obras foram retomadas no início do século XVII, e cerca de 1610 concluíu-se que era necessário alterar o projecto do aqueduto, dando-lhe mais altura, para que fosse possível levar a água até ao Largo da Misericórdia. Esta decisão atrasou ainda mais a conclusão dos trabalhos, devido não só às dificuldades práticas relacionadas com o trabalho de engenharia como também pelo aumento dos custos do projecto. Finalmente, em 1620 correram pelo aqueduto as primeiras águas dentro dos muros da cidade, que iam então desembocar numa fonte provisória construída junto à antiga Igreja da Madalena.
No ano de 1622 estava concluída a Fonte da Misericórdia, que finalizava o percurso das galerias do aqueduto, tornando-se um dos pontos centrais da cidade.
O aqueduto, que se estende por uma extensão de cerca de oito quilómetros, comporta um conjunto de diversas galerias, que numa primeira zona são subterrâneas, e ao nível do terreno são formadas por quatro arcadas sobrepostas, apoiadas em pilares quadrangulares e fortalecidas por contrafortes semi-circulares, perfazendo uma altura de trinta e um metros.
Durante a Guerra da Restauração a defesa de Elvas, cidade fronteiriça da maior importância estratégica, tornou-se um imperativo, e a localização do aqueduto transformou-se num obstáculo à construção de um novo conjunto de fortificações, pelo que os engenheiros militares puseram a hipótese de derrubar o aqueduto, possibilidade avalizada porD. João IV. A povoação de Elvas opôs-se a esta medida, e o Conde de São Lourenço, governador da Praça de Elvas, conseguiu através de uma petição à Coroa que o monarca desistisse da demolição.
Para contornar as dificuldades do abastecimento da cidade durante a guerra foi edificada uma cisterna, desenhada pelo engenheiro Nicolau de Langres, e edificada na década de 50 do século XVII, segundo um modelo "abobadado e à prova de bomba", que foi ligada ao aqueduto através de um cano subterrâneo.
Já na segunda metade do século XX sofreu a ruina de alguns arcos na zona mais elevada sendo reparados com a utilização das técnicas disponíveis à data.
Está classificado pelo IGESPAR como Monumento Nacional desde 1910 [1].

sexta-feira

CEMITÉRIO DOS INGLESES


O cemitério situa-se no baluarte de S. João de Corujeira, ao alto na muralha Leste e num plano inferior perto do Castelo dominando a paisagem com uma vista magnífica até Badajoz. O nome do baluarte vem da ermida do mesmo nome inscrita nas muralhas. A ermida foi fundada em 1228 pelos frades da Ordem dos Hospitalários, quase inteiramente demolida por um tremor de terra, foi reedificada nos séculos XVIII e XIX.

O cemitério contém cinco sepulturas:
O Major General Daniel Hoghton, que foi morto à cabeça da sua brigada na Batalha de Albuera, no dia 16 de Maio de 1811, tendo à data 41 anos de idade sendo o filho mais novo do outrora Membro de Parlamento para a cidade de Preston, Sir Henry Hoghton (Baronet) originário de Hoghton Tower.

O Capitão Ramsden, ajudante do General Hoghton.

Os Generais Beresford e Stewart, fundamentando-se no Tratado Anglo-Luso de 1654,
solicitaram ao Governador de Elvas para enterrar o General Hoghton naquele local.

O Tenente-Coronel Daniel White comandava o 29.º Regimento (The Worcestershire Regiment) da brigada do General Hoghton na batalha de Albuera. Faleceu em Elvas no dia 3 de Junho de 1811 de ferimentos recebidos naquela batalha. A sua lápide só foi colocada em 2003 após a descoberta do seu óbituário no Gentleman’s Magazine.

O Tenente-Coronel James Ward Oliver era um Capitão no 4.º Regimento de Infantaria (agora chamado The King’s Own Royal Border Regiment) até 1809, quando foi promovido a Major no Estado-Maior do Exercito e em seguida a Tenente-Coronel, comandante do 14.º Regimento de Infantaria Portuguesa. Comandou este batalhão na batalha de Albuera, bem como o segundo assédio de Badajoz onde recebeu ferimentos dos quais veio a falecer em Elvas em 17 de Junho de 1811. Teve uma carreira longa e activa, servindo na América, nos Países Baixos, em Hanôver, em Copenhaga, na Corunha, na Suécia e em Portugal. Foi capturado pelos franceses quando regressava da América mas escapou da prisão em Orleães.

O Major William
Nicholas Bull faleceu em Monforte em 14 de Fevereiro 1850 com 50 anos de idade. Na altura da batalha de Albuera era um rapaz de dez anos. Ele serviu nos 20.º e 21.º batalhões do 2.º Regimento da Brigada Real da Marinha. Temos uma cópia duma carta dele de Maio de 1833 arrependendo-se de sua demissão recente e pedindo readmissão no seu grau original de Tenente.


Caroline Bull que morreu em 28 de Junho de 1863 era, presumivelmente, a esposa de Major William Bull.

A área das sepulturas é circundada por uma elegante grade de ferro que ali foi colocada em 20 de Agosto de 1904, pelo Governador da Praça de Elvas (G.P.E.), o General da Brigad (posteriormente, de Divisão) João Carlos Rodrigues da Costa. Uma pequena lápide gravada com a inscrição “G.P.E. 20-8-1904” regista este acto.

Existem ainda várias Lápides Memoriais, ali colocadas a 14 de Maio de 2000, pelo embaixador britânico, Sir John Holmes e o chefe do Estado-Maior do Exército, o General Martins Barrento, como testemunho comemorativo dos regimentos britânicos e portugueses que lutaram nestas batalhas. A colocação das placas, a remodelação do cemitério e a cerimónia foram obra do exército português. A manutenção do mesmo permanece nas mãos dos “Amigos do Cemitério dos Ingleses”.

Em 14 de Maio de 2004, o General Fulgencio Coll Bucher, Comandante da Brigada Mecanizada XI - Extremadura, descerrou uma lápide em honra dos regimentos espanhóis que lutaram em Albuera, na presença da Embaixadora Britânica, Dame Glynne Evans.

Durante muitos anos o cemitério situava-se dentro da zona militar e o acesso era extremamente difícil, hoje em dia está entregue a sua manutenção do cemitério à Associação Amigos do Cemitério dos Ingleses, formada por cidadãos britânicos residentes no Concelho. São também responsáveis pela Capela S. João, anexa a este cemitério.

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO


Implantada entre duas ruas que convergem no pequeno adro fronteiro à fachada principal, a igreja dos terceiros de São Francisco acompanha o declive do terreno, principalmente ao nível das salas do Consistório e das imagens da Procissão da quarta-feira de Cinzas, anexas ao templo.

Muito embora a Ordem Terceira de São Francisco se tenha fixado, em Elvas, em 1663, a construção da sua igreja teve início, apenas, em 1701. A planta longitudinal, articula nave única com coro alto e quatro capelas laterais, e capela-mor, através de arco triunfal de volta perfeita. Estudos recentes sobre este conjunto permitiram identificar o autor do seu traçado, o arquitecto elvense João de Madeyra, que teria concluído a campanha arquitectónica em 1719, embora a campanha decorativa do interior da igreja, nomeadamente para a execução do retábulo-mor, pelos entalhadores Francisco Freire e Manuel de Oliveira, se prolonga-se até 1730

Trata-se de um imponente conjunto barroco, embora já com elementos rococó, que extravasa o retábulo-mor, para revestir a totalidade da capela-mor, inclusivamente a abóbada e o arco triunfal, o qual se relaciona, ainda com a talha que reveste as capelas laterais.

Com o terramoto de 1755, e em virtude da igreja se encontrar sobre uma falha geológica, todo o conjunto foi muito afectado, obrigando a importantes obras de reconstrução que, de acordo com a inscrição da fachada, são datáveis de 1761. Esta, limitada por pilastras nos cunhais e terminando em empena com volutas, pauta-se por uma grande depuração. Excepção feita ao portal, onde se concentram os elementos decorativos. De verga recta, é flanqueado por pilastras que suportam um entablamento largo (onde figura a data de 1761 e uma estrela de oito pontas), ligando-se ao janelão superior através de duas volutas que enquadram as armas da Ordem.

Já a fachada lateral, apresenta uma configuração que recorda a arquitectura civil, com janelas molduradas, numa concepção comum no Brasil, mas invulgar no nosso país, e que faz destes edifícios verdadeiros conjuntos multifuncionais e de imagem híbrida. Desta fase pós-terramoto é, ainda, o revestimento azulejar das paredes da nave, em silhares recortados com representações da vida de São Francisco, identificadas na cartela inferior. São exemplares rococó, executados entre 1760-65, e que se relacionam com a tonalidade azulada da base dos altares laterais. O púlpito, enquadrado pelo painel da estigmatização de São Francisco é, tal como as bases dos altares, de mármore branco e negro.

Uma última referência para a cisterna do pátio, uma encomenda do bispo D. João de Sousa Castelo Branco.

IGREJA DA MISERICÓRDIA.


Esta igreja, dedicada a Sta. Luzia, e, pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Elvas, terá tido uma primeira edificação no sec. XVI, posteriormente modificada aquando da construção do Hospital anexo. A igreja tem pequena frontaria com pórtico de verga direita em granito da região, com molduras e pináculos, tendo ao centro um nicho com uma imagem de N. Sra. da Piedade. Completando-se a mesma com duas janelas simples e um óculo oval no frontão que está encimado por uma cruz. Ladeiam a frontaria duas torres sineiras.

O interior é de três naves, separadas por arcos de volta perfeita em quatro tramos. A capela-mor tem altar de alvenaria com tribunas laterais. Colateralmente existem dois altares de madeira entalhada. Destaca-se sobre o arco triunfal, de volta perfeita, as armas reais e o emblema da Misericórdia Elvense. Ainda há a registar a existência de púlpito de base petrea e grade em ferro forjado. Como em quase todas as igrejas das Misericórdias existem os bancos dos Mesários datáveis do sec. XVIII.

quarta-feira

FONTE DA MISERICÓRDIA.


A Fonte da Vila, hoje conhecida como da Misericórdia deve-se ao arquitecto Pêro Vaz Pereira (que foi responsável pela conclusão do aqueduto), e foi construída em 1622. É constituída por um corpo cilíndrico, encimado por seis colunas seguindo a disposição circular, tudo rematado por uma cúpula semi-esférica com um pináculo de bola.


Dentro do estreito templete assim formado está a estátua equestre de D. Sancho II com as armas de Portugal, saindo a água por seis bicas em forma de golfinho, nos intercolúnios, para um tanque lobulado, tudo rodeado por uma grade de ferro com balaústres de mármore.

Foi, dentro da cidade, a primeira fonte a receber a água do Aqueduto da Amoreira e que durante trezentos e vinte e nove anos permaneceu no local onde foi construída, ou seja, junto do hospital do mesmo nome, sendo em 1951, por se considerar que criava graves dificuldades ao tráfego, foi removida para o largo onde hoje se encontra.

Existiu aí um chafariz, construído no mesmo ano da fonte, para uso de cavalgaduras, com dois reservatórios: um de dentro e outro de fora. Talvez por esta razão o local era conhecido pelo nome de Largo do Chafariz de Fora. Foi demolido no último terço do século XIX.

A fonte da Misericórdia procura embelezar esse largo que agora se designa de 25 de Abril.

FORTE N. SRA. DA GRAÇA OU DE LIPPE


O Forte da Graça foi mandado construir por D. José I, no monte onde se encontrava a antiga capela de Nossa Senhora da Graça. O monte da Graça é um dos pontos mais altos da região, constituindo portanto um local de grande importância estratégica. Durante o cerco de Elvas (1658-1659), no contexto da Guerra da Restauração, o exército espanhol tomou o local e nele instalou uma posição de artilharia, a partir da qual atacou severamente a cidade. A situação repetiu-se em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), quando Elvas foi novamente sitiada.


Finalmente, e logo em 1763, D. José I determinou a construção de uma fortaleza que permitisse completar o circuito defensivo da cidade. Do seu planeamento foi encarregado o Marechal Wilhelm von Schaumburg-Lippe, mais conhecido como Conde de Lippe, que viera de Inglaterra no ano anterior, para dirigir a defesa do reino.

A ermida de Santa Maria da Graça foi destruída, tendo a imagem da Virgem que guardava transitado para a capela do forte, donde veio a desaparecer mais tarde com as invasões francesas. A obra foi muito exigente para a região, tendo nela trabalhado 3 a 4 mil homens, entre 1763 e 1792. O forte ficou de imediato conhecido como Forte de Lippe, e mais tarde, em 1777, por ordem de D. Maria I, por Forte de Nossa Senhora da Graça. A edificação resistiu ao ataque das tropas espanholas durante a Guerra das Laranjas (1801), e ao bombardeamento infligido pelas tropas francesas do general Soult, no contexto da Guerra Peninsular (1811).
O forte é uma obra-prima da arquitectura militar europeia do século XVIII, tanto pela originalidade das soluções aí apresentadas, como pela sua monumentalidade.

É constituído por três linhas de defesa. A obra mais exterior consta de um caminho coberto, defendido por canhoeiras, umhornaveque (do alemão hornwerk), composto por dois meios-baluartes ligados por uma cortina, e por um fosso seco, com 10 metros de largo. Segue-se uma estrutura quadrangular com 150 m de lado, com quatro baluartes nos vértices. Os panos de muralha, ou cortinas, são cobertos por revelins e rasgados pela porta principal, denominada Porta do Dragão, a Sul, e por "portas posteriores" ou poternas, protegidas por canhoeiras. Entre as cortinas e o segundo fosso desenvolvem-se inúmeras dependências, incluindo casernas e outras edificações. O reduto propriamente dito é uma torre de planta octogonal, com pisos abobadados, constando de capela no piso térreo e Casa do Governador nos pisos nobres. Por baixo da capela existe uma notável cisterna. O reduto é defendido por três ordens de baterias em casamatas, com canhoneiras.

terça-feira

PALÁCIO POMBALINO.


Situado em pleno Centro Histórico e comercial do burgo, no início da Rua de S. Francisco, esquinado com a Rua Tenente Passos Manuel é um edifício do sec. XVIII, composto por piso terreo e andar nobre, com sacada central e balcão saliente e grade de ferro forjado, acompanhado por outras 6 janelas guarnecidas de mármore.


Ao longo da cimalha, de mármore e alvenaria que remata o edifício, encontram-se gárgulas com carrancas, tendo ao centro um frontão com o brasão dos Melos, encimado por uma águia de asas estendidas. Ainda destaque para a esquina, para um medalhão em mármore com as letras A M e a data de 1760.

TREM ELVAS.


O Trem, situado na actual Avenida 14 de Janeiro, ao lado do antigo convento de S. Paulo, foi instalado primitivamente em instalações precárias, nomeadamente logo a seguir à Restauração, em 1642, numas casas compradas à Misericórdia.

O novo Trem de Elvas, um magnífico edifício que ainda hoje pode ser apreciado pela sua peculiar arquitectura, começou a ser construído no ano de 1694, por determinação de D. Pedro II, na então Rua Nova de S. Martinho. Cerca de 21 anos mais tarde (1715) estava terminado sendo curioso referir que ficou com uma sala com cerca de 100 metros de comprimento e 7 de largura, que ocupava toda a frente do edifício e servia para guardar o diverso material de guerra à sua guarda. A espessura das paredes é de 3 metros. Além desta enorme sala tinha ainda oficinas de ferreiro com sete forjas, de serralheiro, de latoeiro e de carpinteiro (...). Tem treze janelas com suas guardas de ferro forjado, colocadas em 1716, sendo notável a sacada central, com esferas armilares e cruzes de Cristo.

O Trem de Elvas foi extinto pela reorganização do Arsenal do Exército em 1868, conservando, porém, os armazéns e depósitos sob a designação de “Extinto Trem”, passando 18 anos mais tarde, em virtude da retirada para a capital dos poucos operários que ainda ali havia, a servir de Depósito de Artigos de Guerra da Praça. Ao fim e ao cabo as suas funções quase não mudaram.

Em 1902, volvidos mais de 16 anos, uma parte do rés-do-chão do Trem passou a servir de cavalariça, enquanto a outra servia de presídio militar. Mais recentemente albergou o Batalhão de Caçadores 8. Entre 1989 e 1991 a cobertura de todo o edifício foi remodelada e, logo após o término desta intervenção, ainda em 1991, o Quartel foi desactivado, estando desde então apenas com um serviço de guarda.

Em 2004 ali se instala a Escola Superior Agrária de Elvas, tendo este organismo realizado ao longo dos últimos anos obras para a sua digna instalação

segunda-feira

HOSPITAL DA MISERICÓRDIA.


O edifício onde hoje está instalado o MACE - Museu de Arte Contemporanea de Elvas, serviu desde meados do século XVIII como Hospital e Mesa da Misericórdia de Elvas, sofrendo sucessivos acrescentos e adaptações modernizadoras que o mantiveram em funções até 1993.


O edifício original (que terá sido projectado pelo arquitecto José Francisco de Abreu) é notável no contexto da arquitectura nacional revelando grande funcionalidade na implantação das suas enfermarias e salas de tratamentos e excelente qualidade decorativa. Destaca-se, na fachada, o portal em mármore do canteiro Gregório das Neves, encomendado em 1742, cujo desenho anuncia traçosrocaille do barroco tardio de D. João V. Os espaços são distribuidas a partir de um vasto átrio de mármore definido por uma monumental escadaria de inspiração barroca. No piso superior destaca-se a Sala do Consistório, com altar em mármore e rico conjunto de azulejos azuis e brancos, datáveis de cerca de 1740 que, pelo desenho das suas molduras, denunciam já o carácter de um barroco tardio e inspiração rocaille. São painéis figurativos e historiados representando os Passos da Vida de Santa Isabel, com referências explícitas e ao nascimento de seu filho, São João Baptista e à Virgem.

Aquirido em 2002 pela Câmara Municipal, com objectivo de ser transformado em instituição museológica, foi adaptado para esse fim por uma equipa multidisciplinar constituida pelo arquitecto Pedro Reis e pelos designers Filipe Alarcão e Henrique Cayatte

CASTELO DE ELVAS.


Implantado numa zona raiana, vocacionada desde sempre, para a defesa e protecção do reino, o Castelo de Elvas data do reinado de D. Sancho II, embora sofresse ampliações importantes no reinado seguinte. Assenta sobre uma estrutura muçulmana, da qual ainda se conservam duas cinturas de muralhas. O castelo foi reedificado e concluído em 1228.

No reinado de D. Dinis introduziram-se algumas inovações ao nível das coberturas e outros elementos de apoio, como os torreões e os matacães. Nos séculos seguintes, D. João II e D. Manuel I adaptaram o castelo rumo a um novo sistema abaluartado, de gosto renascentista, ao mesmo tempo que todo o conjunto foi assumindo um carácter mais residencial, a cargo dos alcaides da cidade. Sobrepujando as portas de entrada deparamos com a pedra de armas de D. João II, datando essa campanha construtiva.

Foi esta dupla função castelo/residência que melhor caracterizou o conjunto até à grande reforma militar de meados do século XVII, época em que o Castelo de Elvas passará a ser um dos mais notáveis conjuntos abaluartados da Europa, devido à premência da defesa em pleno ciclo de guerras de fronteira (1641-1668). A obra de fortificação coube ao engenheiro Padre Cosmander e a outros mestres, para o efeito chamados à corte portuguesa por D. João IV e D. Afonso VI. Destaca-se, desta campanha, o complexo sistema de muralhas, revelins, fossos, bem como duas fortalezas secundárias, as de Santa Luzia e da Graça.

Apesar das grandes transformações sofridas ao longo da História, o Castelo de Elvas mantém a sua estrutura militar medieval e é reconhecidamente um dos mais importantes casos de sobreposição de funções e de evolução das concepções estratégico-militares ao longo da História portuguesa.