terça-feira

FORTE DE SANTA LUZIA.


O Forte de Santa Luzia ergue-se numa elevação, em redor de Capela de Santa Luzia, revelando-se uma obra de arquitetura militar seiscentista que alia à eficácia defensiva uma indesmentível qualidade estética.
O seu projeto esteve envolto em grande polémica e conheceu vários arquitetos, debatendo-se entre si diferentes conceitos de arquitetura militar italiana e francesa. Com efeito, o primeiro plano foi realizado em 1641 pelo português Matias de Albuquerque, redesenhado ainda nesse ano por Sebastião Frias, este último propondo uma planta em estrela.
Contudo, em 1642, o genovês Hieronimo Rosetti delineou um novo projeto que suscitou as maiores dúvidas ao francês Lassart. A polémica terminou com a arbitragem do arquiteto flamengo Cosmander, conseguindo este realizar aquela que é considerada como a mais importante fortaleza do século XVII do território nacional.
O perímetro defensivo de Santa Luzia define um quadrado composto por quatro baluartes, respetivamente de Santo António, Santa Isabel, S. Pedro e N. Sra. da Conceição. Em redor das cortinas pétreas, protegidas com canhoneiras e guaritas angulares, dispõem-se três fossos defensivos que são reforçados, a este e a sul, por dois revelins. O polígono fortificado tinha entre 20 e 25 canhões.
Transposta a imponente e aparatosa entrada coberta, a cidadela é delimitada por uma cortina de pedra reforçada por diversas guaritas, protegendo a Capela de Santa Luzia e a casa do governador militar, casamatas e duas grandes cisternas - dispositivos reforçados que podiam alimentar e matar a sede, durante cerca de dois ou três meses, a uma guarnição composta de 300 ou 400 homens.

AQUEDUTO DA AMOREIRA.


O Aqueduto da Amoreira liga o local da Amoreira à cidade de Elvas. Tem 843 arcos
com mais de cinco arcadas e torres de 31 m de altura. É considerado o maior aqueduto da Península Ibérica com 8,5Km de extensão.
Desde a época de ocupação árabe a povoação de Elvas era abastecida pelo Poço de Alcalá, situado perto do antigo Paço Episcopal. No entanto, a partir do século XV, devido ao aumento da população, o poço tornou-se insuficiente para abastecer de água a cidade.
Logo no início do reinado de D. Manuel I, o monarca autorizou o lançamento de um imposto, o Real de Água, para serem executadas obras de conservação do poço medieval. Estas obras não resolveram os problemas de abastecimento existentes, pelo que a edilidade local pensou em construir umaqueduto que trouxesse a água desde os arrabaldes, no local da Amoreira, até ao centro da cidade.
Em 1537 D. João III designou o arquitecto Francisco de Arruda, mestre das obras do Alentejo e autor do Aqueduto da Água de Prata de Évora, para executar o projecto do novo aqueduto de Elvas. As obras iniciaram-se no mesmo ano, prosseguindo até 1542, data em que a extensão do canal chegava ao Convento de São Francisco. Seguiu-se então a execução da parte mais complexa do projecto, uma vez que depois dos seis quilómetros iniciais já edificados, os arcos do aqueduto iriam aumentar de dimensão. A obra tornava-se cada vez mais onerosa, embora os impostos cobrados aos habitantes da cidade destinados à edificação do aqueduto fossem sendo aumentados ao longo dos anos.
Em 1547 as obras eram suspensas devido à falta de verbas, sendo retomadas somente em 1571. Esta segunda campanha de obras, que terá sido orientada pelo engenheiro Afonso Álvares, prosseguiu até 1580, quando a subida ao trono de Filipe I originou uma nova interrupção dos trabalhos.
As obras foram retomadas no início do século XVII, e cerca de 1610 concluíu-se que era necessário alterar o projecto do aqueduto, dando-lhe mais altura, para que fosse possível levar a água até ao Largo da Misericórdia. Esta decisão atrasou ainda mais a conclusão dos trabalhos, devido não só às dificuldades práticas relacionadas com o trabalho de engenharia como também pelo aumento dos custos do projecto. Finalmente, em 1620 correram pelo aqueduto as primeiras águas dentro dos muros da cidade, que iam então desembocar numa fonte provisória construída junto à antiga Igreja da Madalena.
No ano de 1622 estava concluída a Fonte da Misericórdia, que finalizava o percurso das galerias do aqueduto, tornando-se um dos pontos centrais da cidade.
O aqueduto, que se estende por uma extensão de cerca de oito quilómetros, comporta um conjunto de diversas galerias, que numa primeira zona são subterrâneas, e ao nível do terreno são formadas por quatro arcadas sobrepostas, apoiadas em pilares quadrangulares e fortalecidas por contrafortes semi-circulares, perfazendo uma altura de trinta e um metros.
Durante a Guerra da Restauração a defesa de Elvas, cidade fronteiriça da maior importância estratégica, tornou-se um imperativo, e a localização do aqueduto transformou-se num obstáculo à construção de um novo conjunto de fortificações, pelo que os engenheiros militares puseram a hipótese de derrubar o aqueduto, possibilidade avalizada porD. João IV. A povoação de Elvas opôs-se a esta medida, e o Conde de São Lourenço, governador da Praça de Elvas, conseguiu através de uma petição à Coroa que o monarca desistisse da demolição.
Para contornar as dificuldades do abastecimento da cidade durante a guerra foi edificada uma cisterna, desenhada pelo engenheiro Nicolau de Langres, e edificada na década de 50 do século XVII, segundo um modelo "abobadado e à prova de bomba", que foi ligada ao aqueduto através de um cano subterrâneo.
Já na segunda metade do século XX sofreu a ruina de alguns arcos na zona mais elevada sendo reparados com a utilização das técnicas disponíveis à data.
Está classificado pelo IGESPAR como Monumento Nacional desde 1910 [1].

sexta-feira

CEMITÉRIO DOS INGLESES


O cemitério situa-se no baluarte de S. João de Corujeira, ao alto na muralha Leste e num plano inferior perto do Castelo dominando a paisagem com uma vista magnífica até Badajoz. O nome do baluarte vem da ermida do mesmo nome inscrita nas muralhas. A ermida foi fundada em 1228 pelos frades da Ordem dos Hospitalários, quase inteiramente demolida por um tremor de terra, foi reedificada nos séculos XVIII e XIX.

O cemitério contém cinco sepulturas:
O Major General Daniel Hoghton, que foi morto à cabeça da sua brigada na Batalha de Albuera, no dia 16 de Maio de 1811, tendo à data 41 anos de idade sendo o filho mais novo do outrora Membro de Parlamento para a cidade de Preston, Sir Henry Hoghton (Baronet) originário de Hoghton Tower.

O Capitão Ramsden, ajudante do General Hoghton.

Os Generais Beresford e Stewart, fundamentando-se no Tratado Anglo-Luso de 1654,
solicitaram ao Governador de Elvas para enterrar o General Hoghton naquele local.

O Tenente-Coronel Daniel White comandava o 29.º Regimento (The Worcestershire Regiment) da brigada do General Hoghton na batalha de Albuera. Faleceu em Elvas no dia 3 de Junho de 1811 de ferimentos recebidos naquela batalha. A sua lápide só foi colocada em 2003 após a descoberta do seu óbituário no Gentleman’s Magazine.

O Tenente-Coronel James Ward Oliver era um Capitão no 4.º Regimento de Infantaria (agora chamado The King’s Own Royal Border Regiment) até 1809, quando foi promovido a Major no Estado-Maior do Exercito e em seguida a Tenente-Coronel, comandante do 14.º Regimento de Infantaria Portuguesa. Comandou este batalhão na batalha de Albuera, bem como o segundo assédio de Badajoz onde recebeu ferimentos dos quais veio a falecer em Elvas em 17 de Junho de 1811. Teve uma carreira longa e activa, servindo na América, nos Países Baixos, em Hanôver, em Copenhaga, na Corunha, na Suécia e em Portugal. Foi capturado pelos franceses quando regressava da América mas escapou da prisão em Orleães.

O Major William
Nicholas Bull faleceu em Monforte em 14 de Fevereiro 1850 com 50 anos de idade. Na altura da batalha de Albuera era um rapaz de dez anos. Ele serviu nos 20.º e 21.º batalhões do 2.º Regimento da Brigada Real da Marinha. Temos uma cópia duma carta dele de Maio de 1833 arrependendo-se de sua demissão recente e pedindo readmissão no seu grau original de Tenente.


Caroline Bull que morreu em 28 de Junho de 1863 era, presumivelmente, a esposa de Major William Bull.

A área das sepulturas é circundada por uma elegante grade de ferro que ali foi colocada em 20 de Agosto de 1904, pelo Governador da Praça de Elvas (G.P.E.), o General da Brigad (posteriormente, de Divisão) João Carlos Rodrigues da Costa. Uma pequena lápide gravada com a inscrição “G.P.E. 20-8-1904” regista este acto.

Existem ainda várias Lápides Memoriais, ali colocadas a 14 de Maio de 2000, pelo embaixador britânico, Sir John Holmes e o chefe do Estado-Maior do Exército, o General Martins Barrento, como testemunho comemorativo dos regimentos britânicos e portugueses que lutaram nestas batalhas. A colocação das placas, a remodelação do cemitério e a cerimónia foram obra do exército português. A manutenção do mesmo permanece nas mãos dos “Amigos do Cemitério dos Ingleses”.

Em 14 de Maio de 2004, o General Fulgencio Coll Bucher, Comandante da Brigada Mecanizada XI - Extremadura, descerrou uma lápide em honra dos regimentos espanhóis que lutaram em Albuera, na presença da Embaixadora Britânica, Dame Glynne Evans.

Durante muitos anos o cemitério situava-se dentro da zona militar e o acesso era extremamente difícil, hoje em dia está entregue a sua manutenção do cemitério à Associação Amigos do Cemitério dos Ingleses, formada por cidadãos britânicos residentes no Concelho. São também responsáveis pela Capela S. João, anexa a este cemitério.

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO


Implantada entre duas ruas que convergem no pequeno adro fronteiro à fachada principal, a igreja dos terceiros de São Francisco acompanha o declive do terreno, principalmente ao nível das salas do Consistório e das imagens da Procissão da quarta-feira de Cinzas, anexas ao templo.

Muito embora a Ordem Terceira de São Francisco se tenha fixado, em Elvas, em 1663, a construção da sua igreja teve início, apenas, em 1701. A planta longitudinal, articula nave única com coro alto e quatro capelas laterais, e capela-mor, através de arco triunfal de volta perfeita. Estudos recentes sobre este conjunto permitiram identificar o autor do seu traçado, o arquitecto elvense João de Madeyra, que teria concluído a campanha arquitectónica em 1719, embora a campanha decorativa do interior da igreja, nomeadamente para a execução do retábulo-mor, pelos entalhadores Francisco Freire e Manuel de Oliveira, se prolonga-se até 1730

Trata-se de um imponente conjunto barroco, embora já com elementos rococó, que extravasa o retábulo-mor, para revestir a totalidade da capela-mor, inclusivamente a abóbada e o arco triunfal, o qual se relaciona, ainda com a talha que reveste as capelas laterais.

Com o terramoto de 1755, e em virtude da igreja se encontrar sobre uma falha geológica, todo o conjunto foi muito afectado, obrigando a importantes obras de reconstrução que, de acordo com a inscrição da fachada, são datáveis de 1761. Esta, limitada por pilastras nos cunhais e terminando em empena com volutas, pauta-se por uma grande depuração. Excepção feita ao portal, onde se concentram os elementos decorativos. De verga recta, é flanqueado por pilastras que suportam um entablamento largo (onde figura a data de 1761 e uma estrela de oito pontas), ligando-se ao janelão superior através de duas volutas que enquadram as armas da Ordem.

Já a fachada lateral, apresenta uma configuração que recorda a arquitectura civil, com janelas molduradas, numa concepção comum no Brasil, mas invulgar no nosso país, e que faz destes edifícios verdadeiros conjuntos multifuncionais e de imagem híbrida. Desta fase pós-terramoto é, ainda, o revestimento azulejar das paredes da nave, em silhares recortados com representações da vida de São Francisco, identificadas na cartela inferior. São exemplares rococó, executados entre 1760-65, e que se relacionam com a tonalidade azulada da base dos altares laterais. O púlpito, enquadrado pelo painel da estigmatização de São Francisco é, tal como as bases dos altares, de mármore branco e negro.

Uma última referência para a cisterna do pátio, uma encomenda do bispo D. João de Sousa Castelo Branco.

IGREJA DA MISERICÓRDIA.


Esta igreja, dedicada a Sta. Luzia, e, pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Elvas, terá tido uma primeira edificação no sec. XVI, posteriormente modificada aquando da construção do Hospital anexo. A igreja tem pequena frontaria com pórtico de verga direita em granito da região, com molduras e pináculos, tendo ao centro um nicho com uma imagem de N. Sra. da Piedade. Completando-se a mesma com duas janelas simples e um óculo oval no frontão que está encimado por uma cruz. Ladeiam a frontaria duas torres sineiras.

O interior é de três naves, separadas por arcos de volta perfeita em quatro tramos. A capela-mor tem altar de alvenaria com tribunas laterais. Colateralmente existem dois altares de madeira entalhada. Destaca-se sobre o arco triunfal, de volta perfeita, as armas reais e o emblema da Misericórdia Elvense. Ainda há a registar a existência de púlpito de base petrea e grade em ferro forjado. Como em quase todas as igrejas das Misericórdias existem os bancos dos Mesários datáveis do sec. XVIII.

quarta-feira

FONTE DA MISERICÓRDIA.


A Fonte da Vila, hoje conhecida como da Misericórdia deve-se ao arquitecto Pêro Vaz Pereira (que foi responsável pela conclusão do aqueduto), e foi construída em 1622. É constituída por um corpo cilíndrico, encimado por seis colunas seguindo a disposição circular, tudo rematado por uma cúpula semi-esférica com um pináculo de bola.


Dentro do estreito templete assim formado está a estátua equestre de D. Sancho II com as armas de Portugal, saindo a água por seis bicas em forma de golfinho, nos intercolúnios, para um tanque lobulado, tudo rodeado por uma grade de ferro com balaústres de mármore.

Foi, dentro da cidade, a primeira fonte a receber a água do Aqueduto da Amoreira e que durante trezentos e vinte e nove anos permaneceu no local onde foi construída, ou seja, junto do hospital do mesmo nome, sendo em 1951, por se considerar que criava graves dificuldades ao tráfego, foi removida para o largo onde hoje se encontra.

Existiu aí um chafariz, construído no mesmo ano da fonte, para uso de cavalgaduras, com dois reservatórios: um de dentro e outro de fora. Talvez por esta razão o local era conhecido pelo nome de Largo do Chafariz de Fora. Foi demolido no último terço do século XIX.

A fonte da Misericórdia procura embelezar esse largo que agora se designa de 25 de Abril.

FORTE N. SRA. DA GRAÇA OU DE LIPPE


O Forte da Graça foi mandado construir por D. José I, no monte onde se encontrava a antiga capela de Nossa Senhora da Graça. O monte da Graça é um dos pontos mais altos da região, constituindo portanto um local de grande importância estratégica. Durante o cerco de Elvas (1658-1659), no contexto da Guerra da Restauração, o exército espanhol tomou o local e nele instalou uma posição de artilharia, a partir da qual atacou severamente a cidade. A situação repetiu-se em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), quando Elvas foi novamente sitiada.


Finalmente, e logo em 1763, D. José I determinou a construção de uma fortaleza que permitisse completar o circuito defensivo da cidade. Do seu planeamento foi encarregado o Marechal Wilhelm von Schaumburg-Lippe, mais conhecido como Conde de Lippe, que viera de Inglaterra no ano anterior, para dirigir a defesa do reino.

A ermida de Santa Maria da Graça foi destruída, tendo a imagem da Virgem que guardava transitado para a capela do forte, donde veio a desaparecer mais tarde com as invasões francesas. A obra foi muito exigente para a região, tendo nela trabalhado 3 a 4 mil homens, entre 1763 e 1792. O forte ficou de imediato conhecido como Forte de Lippe, e mais tarde, em 1777, por ordem de D. Maria I, por Forte de Nossa Senhora da Graça. A edificação resistiu ao ataque das tropas espanholas durante a Guerra das Laranjas (1801), e ao bombardeamento infligido pelas tropas francesas do general Soult, no contexto da Guerra Peninsular (1811).
O forte é uma obra-prima da arquitectura militar europeia do século XVIII, tanto pela originalidade das soluções aí apresentadas, como pela sua monumentalidade.

É constituído por três linhas de defesa. A obra mais exterior consta de um caminho coberto, defendido por canhoeiras, umhornaveque (do alemão hornwerk), composto por dois meios-baluartes ligados por uma cortina, e por um fosso seco, com 10 metros de largo. Segue-se uma estrutura quadrangular com 150 m de lado, com quatro baluartes nos vértices. Os panos de muralha, ou cortinas, são cobertos por revelins e rasgados pela porta principal, denominada Porta do Dragão, a Sul, e por "portas posteriores" ou poternas, protegidas por canhoeiras. Entre as cortinas e o segundo fosso desenvolvem-se inúmeras dependências, incluindo casernas e outras edificações. O reduto propriamente dito é uma torre de planta octogonal, com pisos abobadados, constando de capela no piso térreo e Casa do Governador nos pisos nobres. Por baixo da capela existe uma notável cisterna. O reduto é defendido por três ordens de baterias em casamatas, com canhoneiras.

terça-feira

PALÁCIO POMBALINO.


Situado em pleno Centro Histórico e comercial do burgo, no início da Rua de S. Francisco, esquinado com a Rua Tenente Passos Manuel é um edifício do sec. XVIII, composto por piso terreo e andar nobre, com sacada central e balcão saliente e grade de ferro forjado, acompanhado por outras 6 janelas guarnecidas de mármore.


Ao longo da cimalha, de mármore e alvenaria que remata o edifício, encontram-se gárgulas com carrancas, tendo ao centro um frontão com o brasão dos Melos, encimado por uma águia de asas estendidas. Ainda destaque para a esquina, para um medalhão em mármore com as letras A M e a data de 1760.

TREM ELVAS.


O Trem, situado na actual Avenida 14 de Janeiro, ao lado do antigo convento de S. Paulo, foi instalado primitivamente em instalações precárias, nomeadamente logo a seguir à Restauração, em 1642, numas casas compradas à Misericórdia.

O novo Trem de Elvas, um magnífico edifício que ainda hoje pode ser apreciado pela sua peculiar arquitectura, começou a ser construído no ano de 1694, por determinação de D. Pedro II, na então Rua Nova de S. Martinho. Cerca de 21 anos mais tarde (1715) estava terminado sendo curioso referir que ficou com uma sala com cerca de 100 metros de comprimento e 7 de largura, que ocupava toda a frente do edifício e servia para guardar o diverso material de guerra à sua guarda. A espessura das paredes é de 3 metros. Além desta enorme sala tinha ainda oficinas de ferreiro com sete forjas, de serralheiro, de latoeiro e de carpinteiro (...). Tem treze janelas com suas guardas de ferro forjado, colocadas em 1716, sendo notável a sacada central, com esferas armilares e cruzes de Cristo.

O Trem de Elvas foi extinto pela reorganização do Arsenal do Exército em 1868, conservando, porém, os armazéns e depósitos sob a designação de “Extinto Trem”, passando 18 anos mais tarde, em virtude da retirada para a capital dos poucos operários que ainda ali havia, a servir de Depósito de Artigos de Guerra da Praça. Ao fim e ao cabo as suas funções quase não mudaram.

Em 1902, volvidos mais de 16 anos, uma parte do rés-do-chão do Trem passou a servir de cavalariça, enquanto a outra servia de presídio militar. Mais recentemente albergou o Batalhão de Caçadores 8. Entre 1989 e 1991 a cobertura de todo o edifício foi remodelada e, logo após o término desta intervenção, ainda em 1991, o Quartel foi desactivado, estando desde então apenas com um serviço de guarda.

Em 2004 ali se instala a Escola Superior Agrária de Elvas, tendo este organismo realizado ao longo dos últimos anos obras para a sua digna instalação

segunda-feira

HOSPITAL DA MISERICÓRDIA.


O edifício onde hoje está instalado o MACE - Museu de Arte Contemporanea de Elvas, serviu desde meados do século XVIII como Hospital e Mesa da Misericórdia de Elvas, sofrendo sucessivos acrescentos e adaptações modernizadoras que o mantiveram em funções até 1993.


O edifício original (que terá sido projectado pelo arquitecto José Francisco de Abreu) é notável no contexto da arquitectura nacional revelando grande funcionalidade na implantação das suas enfermarias e salas de tratamentos e excelente qualidade decorativa. Destaca-se, na fachada, o portal em mármore do canteiro Gregório das Neves, encomendado em 1742, cujo desenho anuncia traçosrocaille do barroco tardio de D. João V. Os espaços são distribuidas a partir de um vasto átrio de mármore definido por uma monumental escadaria de inspiração barroca. No piso superior destaca-se a Sala do Consistório, com altar em mármore e rico conjunto de azulejos azuis e brancos, datáveis de cerca de 1740 que, pelo desenho das suas molduras, denunciam já o carácter de um barroco tardio e inspiração rocaille. São painéis figurativos e historiados representando os Passos da Vida de Santa Isabel, com referências explícitas e ao nascimento de seu filho, São João Baptista e à Virgem.

Aquirido em 2002 pela Câmara Municipal, com objectivo de ser transformado em instituição museológica, foi adaptado para esse fim por uma equipa multidisciplinar constituida pelo arquitecto Pedro Reis e pelos designers Filipe Alarcão e Henrique Cayatte

CASTELO DE ELVAS.


Implantado numa zona raiana, vocacionada desde sempre, para a defesa e protecção do reino, o Castelo de Elvas data do reinado de D. Sancho II, embora sofresse ampliações importantes no reinado seguinte. Assenta sobre uma estrutura muçulmana, da qual ainda se conservam duas cinturas de muralhas. O castelo foi reedificado e concluído em 1228.

No reinado de D. Dinis introduziram-se algumas inovações ao nível das coberturas e outros elementos de apoio, como os torreões e os matacães. Nos séculos seguintes, D. João II e D. Manuel I adaptaram o castelo rumo a um novo sistema abaluartado, de gosto renascentista, ao mesmo tempo que todo o conjunto foi assumindo um carácter mais residencial, a cargo dos alcaides da cidade. Sobrepujando as portas de entrada deparamos com a pedra de armas de D. João II, datando essa campanha construtiva.

Foi esta dupla função castelo/residência que melhor caracterizou o conjunto até à grande reforma militar de meados do século XVII, época em que o Castelo de Elvas passará a ser um dos mais notáveis conjuntos abaluartados da Europa, devido à premência da defesa em pleno ciclo de guerras de fronteira (1641-1668). A obra de fortificação coube ao engenheiro Padre Cosmander e a outros mestres, para o efeito chamados à corte portuguesa por D. João IV e D. Afonso VI. Destaca-se, desta campanha, o complexo sistema de muralhas, revelins, fossos, bem como duas fortalezas secundárias, as de Santa Luzia e da Graça.

Apesar das grandes transformações sofridas ao longo da História, o Castelo de Elvas mantém a sua estrutura militar medieval e é reconhecidamente um dos mais importantes casos de sobreposição de funções e de evolução das concepções estratégico-militares ao longo da História portuguesa.