sexta-feira

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO


Implantada entre duas ruas que convergem no pequeno adro fronteiro à fachada principal, a igreja dos terceiros de São Francisco acompanha o declive do terreno, principalmente ao nível das salas do Consistório e das imagens da Procissão da quarta-feira de Cinzas, anexas ao templo.

Muito embora a Ordem Terceira de São Francisco se tenha fixado, em Elvas, em 1663, a construção da sua igreja teve início, apenas, em 1701. A planta longitudinal, articula nave única com coro alto e quatro capelas laterais, e capela-mor, através de arco triunfal de volta perfeita. Estudos recentes sobre este conjunto permitiram identificar o autor do seu traçado, o arquitecto elvense João de Madeyra, que teria concluído a campanha arquitectónica em 1719, embora a campanha decorativa do interior da igreja, nomeadamente para a execução do retábulo-mor, pelos entalhadores Francisco Freire e Manuel de Oliveira, se prolonga-se até 1730

Trata-se de um imponente conjunto barroco, embora já com elementos rococó, que extravasa o retábulo-mor, para revestir a totalidade da capela-mor, inclusivamente a abóbada e o arco triunfal, o qual se relaciona, ainda com a talha que reveste as capelas laterais.

Com o terramoto de 1755, e em virtude da igreja se encontrar sobre uma falha geológica, todo o conjunto foi muito afectado, obrigando a importantes obras de reconstrução que, de acordo com a inscrição da fachada, são datáveis de 1761. Esta, limitada por pilastras nos cunhais e terminando em empena com volutas, pauta-se por uma grande depuração. Excepção feita ao portal, onde se concentram os elementos decorativos. De verga recta, é flanqueado por pilastras que suportam um entablamento largo (onde figura a data de 1761 e uma estrela de oito pontas), ligando-se ao janelão superior através de duas volutas que enquadram as armas da Ordem.

Já a fachada lateral, apresenta uma configuração que recorda a arquitectura civil, com janelas molduradas, numa concepção comum no Brasil, mas invulgar no nosso país, e que faz destes edifícios verdadeiros conjuntos multifuncionais e de imagem híbrida. Desta fase pós-terramoto é, ainda, o revestimento azulejar das paredes da nave, em silhares recortados com representações da vida de São Francisco, identificadas na cartela inferior. São exemplares rococó, executados entre 1760-65, e que se relacionam com a tonalidade azulada da base dos altares laterais. O púlpito, enquadrado pelo painel da estigmatização de São Francisco é, tal como as bases dos altares, de mármore branco e negro.

Uma última referência para a cisterna do pátio, uma encomenda do bispo D. João de Sousa Castelo Branco.

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